Já fez uma mixagem e ficou andando em círculos? Mexeu horas com volume, equalização e compressão mas nada que você fez te deixou feliz?
Sabia que existe uma metodologia de mixagem que produz bons resultados, sem andar em círculos?
Neste post, vou te mostrar como ela funciona!

1) Importe uma referência
Antes de começar a mixagem, defina uma referência. Procure uma música que se enquadra no mesmo gênero e tem uma instrumentação parecida do seu projeto. Importe a na sua DAW antes de mexer com qualquer fader.
Esta referência vai te dar um norte que pode seguir na mix.
Se tiver qualquer dúvida, ouça um trecho dela e reproduz o que está ouvindo. Mesmo se tudo está indo bem, comparar sua mix regularmente com a referência é uma boa prática! Importante: Para funcionar certinho, mix e referência precisam ter o mesmo loudness.
Mixar sem referência é como andar de carro sem GPS – não é impossível, mas a chance que você pega o caminho errado é grande!
2) Comece a mixagem em mono

A maioria das pessoas ouve música em caixas bluetooth, na Smart TV ou no celular. Estes dispositivos tem uma coisa em comum – são quase mono.
Para garantir que sua mix soe bem em qualquer lugar, ela precisa reproduzir bem em mono!
O segredo para garantir isso é simples: Deixe o trabalho de pan para o final. Então antes de mexer com qualquer fader, verifique todos os pans e coloque os bem no centro.
Deixando os pans centralizados você vai tomar decisões melhores durante a mix.
3) Crie a mixagem inicial com volume
Antes de mexer com qualquer plug-in você precisa criar uma mix inicial. Ela não vai ser perfeita, mas você deve chegar num ponto onde consegue ouvir todos os instrumentos. É agora que você define quais elementos ficam no primeiro plano e quais mais no fundo. Faça isso com bastante cuidado. A mais tempo você investe na mix inicial, a menos trabalho você terá nos próximos passos!

Quando está criando a mix inicial é bem importante consultar a referência!
4) Define efeitos, plug-ins e endereçamento
Agora precisa deixar a sessão pronta para trabalhar com plug-ins. Muita gente vai adicionando equalizadores, compressores ou reverbs quando for necessário.
O problema é que cada vez que você vai até a lista dos plug-ins, você tira o foco do trabalho criativo.
Então melhor colocar os plug-ins necessários agora e depois focar em mexer com os parâmetros deles!

Siga estes passos para definir plug-ins, sub-mixes e envios:
- Crie as sub-mixes necessárias. Elas geralmente correspondem com os grupos de instrumentos. Por exemplo: Selecione todas as faixas da bateria e envie a saída delas para uma faixa auxiliar (sub-mix da bateria). Faça isso com todos os grupos de instrumentos.
- Coloque um equalizador e um compressor em cada faixa (sub-mixes e áudio bruto). Estes dois processadores são os mais importantes na mix, e por isso é importante tê-los disponíveis em cada faixa. Cuidado importante: Escolha presets que não modificam o som (equalizador com todas as bandas em 0dB, compressores com taxa de 1:1).
- Adicione reverbs e delays. Este trabalho precisa ser feito sub-mix por sub-mix. Ou seja, cada grupo de instrumentos deve ter reverbs e delays independentes. Crie estes efeitos sempre na configuração envio-retorno. As saídas dos retornos devem ser endereçadas para a sub-mix do grupo correspondente. Um bom ponto de partida é ter um reverb para cada grupo de instrumentos (fora do baixo). Além disso, instrumentos melódicos soam bem com um delay longo. Para avaliar quais outros grupos precisam de delays, ouça a referência com cuidado! Importante: Deixe todos os envios mutados ainda! O objetivo deste passo é ter os reverbs e delays disponíveis na sessão – você vai trabalhar com eles mais pra frente!
5) Ajuste as frequências com equalização
Agora chegou a hora de trabalhar o timbre dos elementos. O objetivo é deixar cada instrumento aparecer bem, sem brigar com outros elementos na mix. Para isso, faça uma varredura de frequências em cada faixa e avalie quais frequências funcionam e quais incomodam. Aqui te explico como funciona. Depois use a tática de filtrar, cortar, aumentar para definir a equalização. Neste post você encontra mais informações sobre este processo.

6) Trabalhe a dinâmica com compressores
No passo anterior você corrigiu problemas na distribuição de frequências. Agora precisa fazer a mesma coisa com a dinâmica de cada faixa. Ouça a mix e preste atenção em alterações de volume. Elementos que aparecem bem em uma parte da mix e quase somem numa outra precisam de compressão para funcionar melhor. Um bumbo inconsistente é um ótimo exemplo.

Comece com uma compressão leve (não mais de 6 dB de redução de ganho) e ajuste a gosto. Neste post você encontra uma rotina infalível para configurar compressores!
7) Use saturação para adicionar harmônicos

Saturação é sua arma secreta. Ela é parecida com distorção – só que o efeito é muito mais suave. O processo adiciona harmônicos que deixam as faixas mais brilhantes. Experimente com saturação nas sub-mixes ou nas faixas individuais – mas só após de ter feito um bom trabalho com fader, equalizador e compressor!
Como saturação é um efeito muito agradável, é fácil de exagerar.
Verifique se a mix não fica muito ardida – especialmente em volumes altos. Em caso de dúvidas, menos é sempre mais!
8) Avalie o progresso da mixagem
Mixagem é um trabalho iterativo. Cada processo que você acrescenta influi o que foi feito anteriormente.
Por isso neste ponto é indicado dar uma ouvida na mix inteira e re-avaliar volume, EQ, compressão e saturação.

Exemplo: Numa música com bastante guitarras distorcidas você talvez teve que colocar o volume da voz inicialmente muito alto. Com equalização e compressão você resolveu a briga, e agora a voz aparece melhor. Reduzindo um pouco o volume da voz, você encaixa ela certinho na mix novamente.
Com pequenos ajustes você vai deixar sua mix ainda mais polida.
9) Crie espaço e profundidade com reverb, delay e pan
Lembre daqueles envios-retornos que você deixou mutados e dos pans que deixou centralizados? Agora é a hora de se divertir com eles!

- Reverb: Os parâmetros mais importantes são decay, pre-delay e a equalização. Comece com decay curto (1.2 s) e pre-delay médio (50 ms). Depois ajuste a gosto. Use o equalizador do reverb para cortar frequências que embolam a mix. Ajuste a intensidade dos reverbs para cada faixa com os envios!
- Delays: Os parâmetros mais importantes para delays são tempo, feedback e EQ. Para aquele delay famoso no final da frase use um delay longo sincronizado com o tempo da sessão (feedback a gosto). Para uma voz do tipo Johnny Cash use um slapback delay com ~100 ms de delay (feedback baixo). E se você quer se aventurar e criar efeitos de modulação, use tempos de delay entre 1 e 50 ms e experimente com feedback e modulação! Ajuste a intensidade dos efeitos com os envios.
- Pan: Posicione os elementos da mix na imagem estereoscópica com pan. Um bom ponto de partida é imaginar uma banda tocando no palco e imitar as posições dos músicos.
10) Automatize voz, instrumentos solos e sub-mixes
Você chegou quase no final. Neste ponto a sua mix já deve soar bem. Hora de colocar a cereja no bolo. Na mixagem você faz isso com automação. Faça primeiro um passo da voz principal e de qualquer instrumento solo. Estes são os instrumentos mais importantes e precisam sempre estar exatamente no lugar certo.

Depois de ter certeza que você encaixou voz e solos 100% na mix, automatize as sub-mixes para criar leves alterações entre as diversas partes da música. Não exagere aqui – um ou dois decibels é bastante!
11) Descanse, depois faça um check final
Parabéns, você chegou no final da mix! Para garantir que ela realmente soe do melhor jeito possível, faça o seguinte:
Salve a sessão e exporte a mixagem. Desligue o computador e relaxe. No dia seguinte, abra a mix num media player – não na sua DAW! Ouça com cuidado e faça uma lista das coisas que ainda te incomodam. Para cada problema já anote como você pretende resolvê-lo.
Seja crítico, seja honesto. Isso vai ser a última vez que mexe com a sessão!

Agora abra a sessão, e corrija só o que você anotou. Nada menos e nada mais. Depois exporte, faça o backup e envie a faixa para masterizar. Pronto. Agora vá ao próximo projeto!
Estes são os 11 passos para criar uma mixagem perfeita. Obrigado por ter lido!
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